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"É difícil entrar na área sendo mulher"

Karla Torralba conta um pouco de sua trajetória pela Unesp e os desafios de atuar como jornalista esportiva

Por: Flávia Gasparini

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela FAAC Unesp Bauru no ano de 2011, Karla Torralba (29) é natural de Itapetininga (interior de São Paulo) e atualmente atua como repórter no UOL Esporte. Diferentemente de muitos alunos e ex-alunos, a Unesp não foi a primeira escolha dela.

Após terminar o Ensino Médio, a jornalista prestou vários vestibulares, em diversas cidades, sendo aprovada em algumas universidades particulares e na Unesp. Foi aí que ela decidiu juntar as malas e partir para Bauru, uma vez que via o curso como um dos mais conceituados da área. Apesar do receio devido à distância da capital (local bem visto pelos profissionais do meio), Karla hoje acredita que ter escolhido a universidade foi a melhor opção fez.

 

Como você enxerga a importância de ter cursado Jornalismo na Unesp para sua vida pessoal?
Karla Torralba: Mais que o curso de jornalismo, que depende muito mais do aluno para ser aproveitado que da universidade mesmo, eu acho que fiz a escolha certa pelo lado pessoal. Bauru é uma cidade universitária. Vivemos 4 anos leves e que serviram para amadurecer.
Os melhores pontos são sempre as pessoas, as festas e as amizades. Hoje em São Paulo eu vejo a grande diferença entre quem fez faculdade por aqui, morando com os pais e de quem saiu. Coisa de maturidade mesmo, de forma diferente de ver o mundo. A gente vem com uma visão mais ampla.

 

E para o lado profissional?

Karla Torralba: Profissionalmente ter escolhido a Unesp não influenciou muito no meu dia a dia, na busca por trabalho. No final, o que conta no jornalismo esportivo é a persistência para quem vem de fora. Ter feito Unesp, em Bauru, deixa a gente mais distante dos contatos de trabalho. Imagina que um estudante de jornalismo em São Paulo começa a fazer estágio no segundo ano de curso. Na Unesp só consegui fazer algo no terceiro e quarto anos e mesmo assim foi difícil pelo mercado pequeno se comparado ao grande número de alunos. Outro ponto de ficar distante é quando você termina o curso e quer ir pra um grande centro. O mercado é fechado e por isso é preciso persistência e preparação.

O que falaria para alguém que quer ingressar em jornalismo na Unesp?
Karla Torralba:
É difícil. Muita gente falaria: "não faça, é um curso com um mercado pequeno e que paga pouco". Mas se você gosta, vale muito a pena. Para quem quer fazer jornalismo, eu diria: "se prepara que precisa ser persistente, ter estômago e paciência". Nem todo mundo é legal na área, tem muito ego, mas sempre tem espaço pra quem se esforça. Para aqueles que querem fazer jornalismo na Unesp, eu falaria que não vai se arrepender, principalmente pelo lado pessoal. Você vai fazer grandes amigos e sair outra pessoa da universidade.

 

"Por mais que a gente tenha mais espaço hoje em dia, o mercado ainda é machista e temos sim que fazer o dobro, o triplo dos homens"

 

Qual é a lembrança mais marcante do tempo que passou pela Unesp?
Karla Torralba:
Acho que as lembranças são mais as situações com os amigos mesmo. As festas, os perrengues, a maionese do Flipper… Uma situação que eu lembro foi uma vez que deu um apagão na cidade toda. Todo mundo sem luz. Eu morava na região do shopping, como a maioria dos estudantes. Eu e mais duas amigas saímos de casa com medo do escuro e a galera estava fazendo uma espécie de luau no meio da rua. Foi uma das vezes que mais dei risada. Teve também a Copa de 2010. Todo mundo ia nas repúblicas ver jogos.
Ah, eu conheci meu "namorido" na Unesp, quer situação mais marcante que essa? (risos) Já temos quase 10 anos juntos. Ele fez Ciência da Computação na Unesp e, assim como eu, lembra com carinho sempre.
Sobre o curso, o que mais marca são os professores. Eram tão caricatos e acadêmicos... Se fosse seguir tudo que falavam, seríamos uma geração inteira de professores de jornalismo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Como você descreve o curso na sua época, entre pontos positivos e negativos, coisas que apreciava e outras que poderiam ser diferentes?
Karla Torralba:
Olha, eu nunca gostei de o curso ser acadêmico demais e sem pensar no mercado de trabalho. Para conseguir fazer um estágio era um sufoco pelos horários das aulas e tinha professor que não deixava mudar disciplina do diurno para o noturno. Difícil você ser inserido no mercado de trabalho depois com zero experiência.
Eu gostava daqueles professores que traziam uma experiência mais de vida para as aulas, algo mais próximo da realidade, que não ficavam só nos livros e pesquisas acadêmicas. Juarez fazia isso bastante. Acho que ele ainda está por lá!

Por qual motivo você decidiu seguir carreira no jornalismo esportivo e há quanto tempo trabalha com isso?
Karla Torralba:
Eu quis seguir no jornalismo esportivo por gostar de futebol. Queria ser aqueles repórteres que ficam no campo, vendo tudo e entrevistando os jogadores no final do jogo. Trabalho na área de forma mais fixa há 5 anos e meio.

Como é ser uma jornalista mulher nessa área?
Karla Torralba:
Não é a coisa mais fácil do mundo. É difícil entrar na área sendo mulher, é difícil se você é uma pessoa ativa nas redes sociais (não é o meu caso), se você convive muito com torcedores (sabe aquela coisa de ser repórter de campo)... É difícil também você provar para as pessoas que pode fazer mais coisas além de matérias de "celebridades do esporte". Por mais que não falem isso pra você, sempre sobram essas pra mulher da redação. Aí você tem que fazer essas e mais as outras normais para se destacar.
Também é mais difícil conversar com jogadores mais velhos... Nem todos gostam de dar entrevista pra mulher. Por último, por mais que a gente tenha mais espaço hoje em dia, o mercado ainda é machista e temos sim que fazer o dobro, o triplo dos homens.

Qual foi o momento mais memorável que você já teve durante a cobertura de algum evento esportivo?
Karla Torralba:
A cobertura da Olimpíada do Rio como um todo foi memorável. Foi meu primeiro grande evento in loco, não dá pra esquecer nada. A sensação de estar no meio de tanta gente boa, do mundo inteiro e ver seu trabalho em destaque, é demais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

Quais dicas você daria para alguém que quer seguir na área?
Karla Torralba:
Eu falaria para a pessoa se preparar o máximo possível:

  • mesmo na faculdade, tentar fazer trabalhos para veículos de São Paulo;

  • investir no inglês e outros idiomas;

  • ler bastante, acompanhar bastante as coisas;

  • ser persistente;

  • não ter vergonha de pedir uma chance nos lugares mesmo sem conhecer ninguém;

  • não ficar em Bauru depois de terminar o curso.

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(Reprodução/Acervo pessoal)
Foto 1:Turma de Jornalismo de 2008 (Karla é a terceira da direita para a esquerda) 
Foto 2: Karla e Marcelo. O casal se conheceu durante o período de graduação na Unesp
(Reprodução/Acervo pessoal)
Karla durante cobertura esportiva para o jornal "Bom Dia" de Bauru, veículo em que estagiou durante a graduação
(Reprodução/Acervo pessoal)
Além das Olimpíadas de 2016, Karla cobriu as Paraolimpíadas de Londres durante um intercâmbio (2012) 

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